PF conclui inquérito da primeira fase da Operação Calicute com 16 indiciados

Ação levou 10 pessoas à prisão, inclusive o ex-governador Sérgio Cabral Filho. Crimes vão de corrupção a lavagem de dinheiro e organização criminosa.



A Polícia Federal informa que concluiu no dia (30) o Inquérito Policial relativo à 1º fase da Operação Calicute. As investigações resultaram em 16 pessoas indiciadas pelos Delegados Federais que conduziram o procedimento por crimes que vão de corrupção passiva e ativa, organização criminosa a lavagem de dinheiro. Serão instaurados ainda outros inquéritos policiais para aprofundamento de novas vertentes da investigação. Entre os indiciados pela PF estão o ex-governador Sérgio Cabral Filho e a mulher dele, Adriana Ancelmo.


Confira a seguir a lista dos outros indiciados:


- Wilson Carlos Cordeiro da Silva de Carvalho (ex-secretário de Governo do RJ)


- Carlos Emanuel de Carvalho Miranda (apontado como operador financeiro da quadrilha)


- Luiz Carlos Bezerra (ex-assessor de orçamento da Assembleia Legislativa do Rio)


- Hudson Braga (ex-secretário de Obras do Estado do RJ)


- Wagner Jordão Garcia (ex-assessor de Sérgio Cabral)


- José Orlando Rabello (ex-chefe de gabinete de Hudson Braga)


- Carlos Jardim Borges (Empresário, teria realizado pagamentos suspeitos para empresa de Carlos Miranda).


- Pedro Ramos de Miranda (Bombeiro. Foi motorista do ex-governador).


- Luiz Alexandre Igayara (Empresário, teria realizado pagamentos por serviços inexistentes em benefício do esquema investigado).


- Paulo Fernando Magalhães Pinto (administrador de empresas)


- Luiz Paulo dos Reis (administrador e empresário. Ligado à Hudson Braga).


- Alex Sardinha da Veiga (é tido pelos investigadores como um dos participantes de acordos "criminosos" entre a Secretaria de Obras e a Construtora Oriente, empresa que ele diz representar, segundo o MPF).


- Rosângela Machado de Carvalho Braga ( parente de Hudson Braga, é apontada como possível "laranja" no esquema).


- Jéssica Machado Braga (parente de Hudson Braga, é apontada como possível "laranja" no esquema).




O ex-governador Sérgio Cabral responde a dois inquéritos. Um, no Rio e outro em Curitiba (PR). Este inquérito, concluído pela equipe da PF, cuida da apuração de propinas pagas ao ex-governador nas obras referentes ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Favelas, Arco Metropolitano e Maracanã. Um relatório foi encaminhado pela PF aos procuradores da República, no Rio.


Já a investigação da equipe da PF em Curitiba cuida de irregularidades praticadas pelo ex-governador na construção do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj). Na quinta, o juiz Sérgio Moro decidiu prorrogar por 15 dias o prazo para que as investigações fossem encerradas. Inicialmente, o prazo para o término da investigação venceria na quinta-feira, mas com a decisão de Moro, os agentes tinham até o próximo dia 16 para concluir o trabalho.


A Calicute foi deflagrada no dia 17 de novembro, por um núcleo da Operação Lava-Jato no Rio, e teve como principal alvo o ex-governador do Rio de Janeiro Ségio Cabral Filho, suspeito de receber propina de contratos firmados entre empreiteiras e o poder público.


A operação teve como base as delações premiadas do ex-dono da Delta Engenharia Fernando Cavendish, da empreiteira Andrade Gutierrez e da Carioca Engenharia, que revelaram ter pagado propinas por obras como a do Marcanã, do PAC das Favelas e do Arco Metropolitano.


No início deste ano, dois ex-executivos da construtora Andrade Gutierrez afirmaram, em delação premiada a procuradores da Lava-Jato, que Sérgio Cabral cobrou propina da empreiteira Andrade Gutierrez em obras do Maracanã para a Copa do Mundo.


Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Cabral cobrava propina das empreiteiras para que estas fechassem contratos com o governo do estado. As construtoras, por sua vez, se consorciavam para fraudar as licitações e sabiam previamente quem iria ganhar as concorrências.


Os investigadores dizem que 5% do valor de cada contrato ia para Cabral e 1% para a Secretaria Estadual de Obras - percentual conhecido como "taxa de oxigênio". Cabral recebia das empreiteiras "mesadas" entre R$ 200 mil e R$ 500 mil. De acordo com as investigações, o ex-governador chefiava uma organização criminosa e tinha como principais operadores os ex-secretários estaduais de Obras, Hudson Braga, e de Governo, Wilson Carlos Carvalho, também presos.


Wilson Carlos é apontado como "operador administrativo" das propinas recebidas, enquanto Braga teria utilizado empresas para lavar dinheiro desviado e atuado ativamente no esquema. Abaixo de Wilson e Braga na organização aparecem os "operadores financeiros" José Orlando Rabelo, Wagner Jordão Garcia, Carlos Miranda e Carlos Bezerra. Eles teriam como principal função receber os pagamentos, distribuir o dinheiro arrecadado e usar empresas para ocultar e lavar as propinas.


O esquema criminoso teria desviado R$ 220 milhões, segundo estimativa dos investigadores. Eles acreditam que mais empresas possam estar envolvidas no esquema. O dinheiro das propinas teria sido lavado em contratos falsos de consultorias e na compra de bens de luxo, como joias, vestidos de festa, obras de arte, um helicóptero e uma lancha avaliada em R$ 5 milhões.


A mulher do ex-governador, Adriana Ancelmo, é suspeita de lavagem de dinheiro e de ser beneficiária do esquema criminoso. Ela foi alvo de mandado de condução coercitiva no mesmo dia em que o marido foi preso e chegou a ter a prisão temporária pedida pelo MPF, mas o pedido foi negado pelo juiz da 7ª Vara Federal do Rio, Marcelo Bretas, para quem que a eventual participação dela no esquema não justificaria a medida.

Wilton Junior/Estadão Conteúdo (Foto: Cabral foi preso como parte da Calicute)

 

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