Ex-tesoureiro do PP João Claudio Genu é condenado a 8 anos de prisão na Lava Jato

Ele foi assessor do ex-deputado federal José Janene, que morreu em 2010.
Ação penal tinha outros dois réus: um foi condenado e outro absolvido.

João Claudio Genu, ex-assessor do deputado José Janene e da liderança do PP na Câmara, em foto de setembro de 2005 (Foto: Joedson Alves/Estadão Conteúdo)João Claudio Genu é ex-assessor do deputado José Janene e da liderança do PP na Câmara (Foto: Joedson Alves/Estadão Conteúdo) O ex-tesoureiro do PP João Claudio Genu foi condenado por vantagem indevida – para si e outros – acertada em contratos da Petrobras com a diretoria de Abastecimento. Ele foi condenado por 11 crimes corrupção passiva e associação criminosa a oito anos e oito meses de reclusão.
Ele era réu apenas em um processo na Operação Lava Jato, portanto, está é a primeira condenação dele. O advogado Marlus Arns, responsável pela defesa de Genu, informou que vai recorrer da decisão.
A sentença do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, é desta sexta-feira (2).
"A propina paga a João Cláudio de Carvalho Genu foi de pelo menos R$ 3.120.000,00", diz um trecho da sentença.
 

Genu foi preso na 29ª fase da Lava Jato, deflagrada em maio deste ano. Atualmente, está detido na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba.

Ele foi assessor do ex-deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010, e foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão do PT em 2012.

Moro absolveu Genu de lavagem de dinheiro por falta de prova suficiente para condenação crimininal.

Rafael Ângulo Lopes também foi condenado neste mesmo processo por cinco crimes de corrupção passiva. Ele condenado a cumprir dois anos de prisão e multa, porém, como é delator, cumprirá o regime aberto diferenciado.

De acordo com a sentença de Moro, Rafael Ângulo Lopes deve cumprir as seguintes medidas:
-Recolhimento domiciliar nos finais de semana e nos dias úteis, das 22h às 6h, com tornozeleira eletrônica, pelo período de dois anos;
-Prestação semanal de cinco horas de serviços comunitários a entidade pública ou assistencial pelo período de dois anos;
-Apresentação bimestral de relatórios de atividades;
- Proibição de viagens internacionais salvo com autorização do Juízo pelo prazo do recolhimento domiciliar.

Outro réu desta ação penal, Lucas Amorim Alves foi absolvido de todas as imputações por falta de prova suficiente para condenação criminal.

As suspeitas
Os procuradores da força-tarefa da Lava Jato afirmam que Genu era beneficiário e um dos articuladores do esquema de desvio de recursos da Petrobras, recebendo um percentual fixo da propina recolhida ao PP a partir de contratos da estatal.

A denúncia aponta que, entre 2007 e 2012, o grupo de pessoas ligadas ao PP, incluindo Genu, o doleiro Alberto Youssef, Janene e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, solicitaram para si propina de R$ 357.945.680.52 entre 2007 e 2012. De acordo com Moro, desse total, pelo menos R$ 3,12 milhões foram direcionados especificamente para Genu.

Para que o dinheiro chegasse até Genu, conforme as investigações, Youssef utilizava os emissários Rafael Angulo, Jayme Alves e Carlos Rocha, conhecido como Ceará.

Ainda conforme o Ministério Público Federal (MPF), o doleiro Alberto Youssef também utilizava a estrutura de lavagem de dinheiro montada no Posto da Torre, em Brasília, para o envio de propina. Neste caso, afirmam os procuradores, Genu contou com a ajuda do sócio, Lucas Amorim Alves, para retirar o dinheiro.

A denúncia por corrupção passiva contra Genu está ligada pela atuação dele na indicação de Paulo Roberto Costa para o cargo de diretor de Abastecimento da Petrobras. Costa, que firmou acordo colaboração premiada, já foi condenado por participação nas ilegalidades da Petrobras em diversas ações.

Como provas, o MPF apresentou planilhas de propina, depoimentos de diversos colaboradores, e-mails e conversas pelo aplicativo WhatsApp que demonstram, no entendimento dos procuradores, a ingerência de Genu no esquema criminoso da petrolífera brasileira.

Compra de joias
Para ocultar o dinheiro ilegal recebido, os procuradores do MPF afirmam que Genu deu dinheiro em espécie para que a esposa comprasse joias no valor de R$ 134 mil em uma loja de Brasília, entre 2013 e 2014. As joias não foram declaradas pelo casal à Receita Federal.

Para o MPF, a esposa de Genu sabia da origem do dinheiro uma vez que, na época, o ex-assessor parlamentar havia sido condenado no processo do Mensalão pelo saque em espécie de aproximadamente R$ 1,1 milhão das contas das empresas de Marcos Valério.

A aquisição das joias foi citada pelo juiz federal Sérgio Moro para decretar a prisão preventiva de Genu. No mesmo despacho que autorizou a prisão de Genu, o juiz Sérgio Moro determinou a apreensão de aneis, brincos, colar e outras joias compradas pela esposa.

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