Morre aos 86 anos o poeta Ferreira Gullar
Ele havia sido internado neste sábado por complicações pulmonares
RIO - O poeta, ensaísta, crítico de arte, dramaturgo,
biógrafo, tradutor e memorialista Ferreira Gullar morreu neste domingo,
por volta das 11h, aos 86 anos. A informação foi confirmada pelo colunista Ancelmo Gois.
O escritor estava internado no Hospital Copa D'Or, na Zona Sul do Rio,
por complicações pulmonares. A partir de um quadro de pneumotórax, o
escritor desenvolveu uma pneumonia. Ainda não há informações sobre a
data do velório.
— O seu legado é a obra, que, às vezes, faz a gente até esquecer a biografia. Mas este não é o caso. Ele teve uma vida bonita, difícil e de grande dignidade. O sofrimento do exilado não lhe tirou a graça.
Quarto dos 11 filhos do casal Newton Ferreira e Alzira Ribeiro Goulart, ele nasceu José Ribamar Ferreira no dia 10 de setembro de 1930 em São Luiz, no Maranhão. No início da década de 1950, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde, em 1956, participou da exposição concretista que é considerada o marco oficial do início da poesia concreta. Três anos depois criou, com Lígia Clark e Hélio Oiticica, o neoconcretismo, que valoriza a expressão e a subjetividade em oposição ao concretismo ortodoxo.
Militante do Partido Comunista, exilou-se na década de 1970, durante a ditadura militar, e viveu na União Soviética, na Argentina e Chile. Retornou ao país em 1977 e foi preso por agentes do Departamento de Polícia Política e Social no dia seguinte ao desembarque, no Rio. Foi libertado depois de 72 horas de interrogatório graças à intervenção de amigos junto a autoridades do regime. Depois disso, retornou aos poucos às atividades de critico, escritor e jornalista.
Eleito
em 2014 para a Academia Brasileira de Letras, colecionava uma vasta
lista de prêmios. Em 2002, foi indicado por nove professores dos Estados
Unidos, do Brasil e de Portugal para o Prêmio Nobel de Literatura. Em
2007, seu livro "Resmungos" ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de
ficção do ano. A obra, editada pela Imprensa Oficial do Estado de São
Paulo, reúne crônicas de Gullar publicadas no jornal Folha de S. Paulo
ao longo de 2005.
Em 2010, foi agraciado com o Prêmio Camões, o mais importante prêmio literário da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. No mesmo ano, foi contemplado com o título de Doutor Honoris Causa na Faculdade de Letras da UFRJ. Um ano depois ganhou o Prêmio Jabuti com o livro de poesia "Em alguma parte alguma".
‘corpo que se pára de funcionar
provoca / um grave acontecimento na família: / sem ele não há José
Ribamar Ferreira / não há Ferreira Gullar / e muitas pequenas coisas
acontecidas no planeta / estarão esquecidas para sempre’
Ferreira
Gullar assumiu ao longa da vida uma extensa lista de papéis que,
sozinhos, não dão a dimensão do seu lugar na cena cultural do país. Um
dos fundadores do neoconcretismo, o poeta participou de todos os
acontecimentos mais importantes da poesia brasileira. A escritora e
também imortal da ABL Nélida Piñon destacou a biografia de Gullar que, segundo ela, não foi ofuscada por sua obra.
- Ferreira GullarTrecho do 'Poema sujo'
— O seu legado é a obra, que, às vezes, faz a gente até esquecer a biografia. Mas este não é o caso. Ele teve uma vida bonita, difícil e de grande dignidade. O sofrimento do exilado não lhe tirou a graça.
Quarto dos 11 filhos do casal Newton Ferreira e Alzira Ribeiro Goulart, ele nasceu José Ribamar Ferreira no dia 10 de setembro de 1930 em São Luiz, no Maranhão. No início da década de 1950, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde, em 1956, participou da exposição concretista que é considerada o marco oficial do início da poesia concreta. Três anos depois criou, com Lígia Clark e Hélio Oiticica, o neoconcretismo, que valoriza a expressão e a subjetividade em oposição ao concretismo ortodoxo.
Militante do Partido Comunista, exilou-se na década de 1970, durante a ditadura militar, e viveu na União Soviética, na Argentina e Chile. Retornou ao país em 1977 e foi preso por agentes do Departamento de Polícia Política e Social no dia seguinte ao desembarque, no Rio. Foi libertado depois de 72 horas de interrogatório graças à intervenção de amigos junto a autoridades do regime. Depois disso, retornou aos poucos às atividades de critico, escritor e jornalista.
Em 2010, foi agraciado com o Prêmio Camões, o mais importante prêmio literário da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. No mesmo ano, foi contemplado com o título de Doutor Honoris Causa na Faculdade de Letras da UFRJ. Um ano depois ganhou o Prêmio Jabuti com o livro de poesia "Em alguma parte alguma".
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