Ex-diretor do Bank Boston é alvo da 8ª fase da Operação Zelotes
Walcris Rosito ainda não foi localizado; consultor e auditor foram conduzidos a depor. Operação investiga organizações que atuavam no Carf.
O G1 entrou em contato no escritório de Rosito, mas não o localizou e aguarda retorno.
Com exceção do mandado de Rosito, os outros dez mandados de condução
coercitiva foram cumpridos em São Paulo, como o de José Teruje Tamajaro
que é de uma consultoria que fazia a ponte entre os bancos e a Carf.
Em Pernambuco, o mandado de condução coercitiva é contra um auditor
fiscal da Receita Federal que já havia sido conduzido coercitivamente em
maio. Já o mandado de busca e apreensão foi cumprido na Jaqueira, na
Zona Norte do Recife. No total, há 21 mandados de busca e apreensão.
Além do Bank Boston, Itaú, escritórios de advocacia e de consultoria contábeis também foram alvo da operação.
O Itaú informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a PF fez
diligência nas dependências do Itaú Unibanco na manhã desta quinta.
Segundo a instituição, o objeto da operação foi a busca de documentos
relativos a processos tributários do BankBoston.
"O Itaú Unibanco esclarece que em 2006 o Itaú adquiriu, do Bank of
America, as operações do BankBoston no Brasil. O contrato de aquisição
não abrangeu a transferência, para o Itaú, dos processos tributários do
BankBoston. Esses processos continuaram de inteira responsabilidade do
Bank of America. O Bank of America é, assim, o único responsável pela
condução desses processos. O Itaú não tem qualquer ingerência em tal
condução, inclusive no que se refere a eventual contratação de
escritórios ou consultores. O Itaú Unibanco permanece totalmente à
disposição das autoridades", diz a nota.
O G1 também procurou o Bank of America e aguarda posicionamento
Segundo a PF, por meio de sua assessoria de imprensa, esta nova etapa
da operação aponta a existência, entre os anos de 2006 e 2015, de
conluio entre um conselheiro do CARF e uma instituição financeira.
A PF identificou que houve sucesso na manipulação de processos
administrativos fiscais em ao menos três ocasiões. Os investigados
poderão responder, na medida de suas participações, pelos crimes de
corrupção ativa, corrupção passiva, advocacia administrativa tributária e
lavagem de dinheiro.
A Operação
A Operação Zelotes foi deflagrada em março de 2015. Inicialmente,
apurava o pagamento de propina a conselheiros do Conselho Administrativo
de Recursos Fiscais (Carf) para que multas aplicadas a empresas – entre
bancos, montadoras e empreiteiras – fossem reduzidas ou anuladas.
O Carf é um órgão do Ministério da Fazenda responsável pelo julgamento de recursos de empresas multadas pela Receita Federal.
Em outubro de 2015, a Zelotes também descobriu indícios de venda de
Medidas Provisórias (MP) que prorrogavam incentivos fiscais a empresas
do setor automotivo.
Uma das empresas que atuava no Carf teria recebido R$ 57 milhões de uma
montadora entre 2009 e 2015 para aprovar emenda à Medida Provisória 471
de 2009, que rendeu a essa montadora benefícios fiscais de R$ 879,5
milhões. Junto ao Carf, a montadora deixou de pagar R$ 266 milhões.
Em 4 de dezembro, 16 pessoas suspeitas de participar do esquema se
tornaram réus depois que a Justiça Federal aceitou denúncia do
Ministério Público Federal no Distrito Federal.
Segundo a PF, mesmo depois do início da operação, as investigações
encontraram indícios de que os crimes continuaram a ser cometidos.
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