Ativistas ligados a Black Blocs são alvo de operação da polícia do Rio

Entre eles, está a ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho.
Ação, na véspera da copa, cumpre 17 mandados de busca e apreensão.

(Foto:Armando Paiva/Fotoarena/Estadão Conteúdo)
A manifestante Elisa Quadros, conhecida como Sininho, chega à 17ª Delegacia Policial, em São Cristóvão, para depor no procedimento aberto para investigar a morte do cinegrafista da Rede Bandeirantes Santiago Andrade durante protesto no Rio. (Foto: Armando Paiva/Fotoarena/Estadão Conteúdo) Dez ativistas foram levados na manhã desta quarta-feira (11) para a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) na Cidade da Polícia, no Jacaré, no Subúrbio do Rio, para prestar esclarecimentos. Segundo a polícia, eles seriam ligados ao movimento Black Bloc.  Entre eles, está a ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, que ficou famosa no Rio pela militância em protestos. A ação, que ocorre na véspera da abertura da Copa do Mundo, faz parte de um inquérito que corre sob sigilo.
Ao todo, os agentes cumpriram 17 mandados de busca e apreensão em seis bairros do Rio (Barra da Tijuca, Centro, Copacabana, Catete, Bangu e Botafogo) e em Niterói, na Região Metropolitana. Segundo a polícia, as ordens judiciais foram cumpridas na casa de pessoas investigadas por participação direta ou indireta em prática de atos violentos durante protestos. Nesses locais, foram apreendidos computadores e mídias, que serão periciados. Ninguém foi preso.
A operação é uma continuidade das investigações iniciadas no ano passado pela DRCI e tem apoio de 13 delegacias especializadas.  Em setembro do ano passado, agentes da unidade prenderam e indiciaram três homens por formação de quadrilha e incitação à violência.
Diversos protestos estão sendo organizados para o período da Copa em todo o país. No Rio, há atos previstos para esta quinta-feira (12), quando ocorre a primeira partida do Mundial na Arena Itaquera, em São Paulo.
Ativista do 'Ocupa Câmara'
Elisa Quadros é produtora de cinema e tem participação ativa em protestos no Rio desde junho do ano passado. A jovem integrou o movimento “Ocupa Câmara”, que montou acampamento em frente à Câmara Municipal em defesa da CPI dos Ônibus, suspensa por decisão judicial.

Durante o período de ocupação, Sininho postou vídeos em redes sociais denunciando ameaças que ela e o namorado vinham sofrendo. Segundo o vídeo, os dois receberam ligações que recomendavam a saída do grupo da rua para que não sofressem represálias de milicianos da Zona Oeste.
Durante prisão em 2013, Sininho se despede do namorado, conhecido como 'Game Over', ao ser levada para presídio em ônibus da PM (Foto: Estefan Radovicz/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
Em outubro do ano passado, Sininho foi presa junto com outras 63 pessoas que participavam do movimento. Autuada por formação de quadrilha ou bando, a jovem foi levada para o sistema prisional. Na ocasião, em entrevista ao G1, Larissa Azevedo, advogada da ativista, disse que Sininho foi presa por PMs e levada para a delegacia de forma arbitrária.
Objetos apreendidos
Cinco advogados acompanharam na Cidade da Polícia as pessoas que foram alvo dos mandados de busca e apreensão.

De acordo com a advogada Luisa Maranhão, que íntegra o coletivo Tempo de Resistência [grupo de advogados que representam os ativistas ligados às manifestações nas ruas do Rio] além de Sininho, tiveram objetos apreendidos em casa e foram conduzidos à autoridade policial Eduarda Castro, Luiza Dreyer, Gabriel Marinho, Thiago Rocha, Eloisa Sammy, um adolescente de 17 anos e Anne Josefine. A advogada destacou que Eloisa, embora tenha tido diversos objetos apreendidos, não foi alvo do mandado, mas sim o menor que ela abriga em casa. Anne também não é um dos alvos, mas é mulher do ativista conhecido como Game Over, que não estava em casa quando os policiais foram cumprir o mandado.
Segundo os advogados, entre os objetos apreendidos estavam computadores, celulares, smathphones e dispositivos de armazenamentos de dados e máscaras.
Até o começo da tarde os advogados desconheciam as razões da investigação. "Nós queremos conhecer a natureza destes mandados, que foram expedidos pela 27a Vara Criminal. Não temos essa informação ainda e estamos aguardando para que as autoridades policiais nos informem".
Questionada sobre os motivos da operação ser realizada na véspera da abertura da Copa do Mundo, a advogada que representa os ativistas ligados aos protestos populares no Rio disse que "cabe ao estado responder isso".
Sininho deixou a Cidade da Polícia, em carro particular, às 12:50. Ela havia sido intimada a depor como testemunha de acusação em uma audiência da Auditoria da Justiça Militar, prevista para a tarde desta quarta-feira, sobre a denúncia contra dois policiais militares suspeitos de forjarem um flagrante contra manifestante no ano passado durante ato no Centro do Rio no ano passado. A advogada Luisa Maranhão não soube dizer se Sininho foi liberada pela DRCI para participar da audiência ou se por ter prestado depoimento.

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.